23 anos se passaram, e o acidente de Goiânia em 1987 é considerado o pior acidente radiológico em área urbana da história.
4 Mortos inicialmente.
Cerca de 60 mortos posteriormente, entre funcionários que realizaram a limpeza do local, funcionários da Vigilância Sanitária de Goiânia e vítimas altamente contaminadas.
628 vítimas contaminadas diretamente e reconhecidas pelo Ministério Público, entre eles policiais militares, bombeiros, vizinhos e familiares. A associação de Vítimas do Césio-137 estima que mais de 6 mil pessoas foram atingidas pela radiação.
No dia 10 de setembro de 1987, Kardec Sebastião dos Santos, Wagner Mota Pereira e Roberto Santos Alves, catadores de ferro-velho em Goiânia, começam a desmontar e retirar por partes, um aparelho de radioterapia abandonado no prédio desativado do Instituto Goiânio de Radioterapia.
Três dias depois, O aparelho composto por um revestimento de chumbo de 304 kg, uma blindagem de 120 kg, e uma parte de platina que continha uma bomba com césio-137 para radioterapia, passa pelas casas de Roberto e Wagner, na rua 57 (Centro de Goiânia), onde começa a ser desmanchado. A cápsula de césio é perfurada.
Dia 18 de Setembro, a peça é vendida para um ferro-velho, na rua 26-A, onde é desmontada a marrtadas e o césio é fragmentado e dispersado. Seu proprietario, Devair Ferreira, se enconta com o que encontrou em seu interior: um pozinho azul que brilhava no escuro, o Césio-137.
No dia seguinte, Devair leva o Césio para casa, e o material vira atração para a família e os amigos. Muitos deles ganham de presente um pouco de pó e, assim, tragicamente, o Césio-137 vai se espalhando. O irmão Ivo Ferreira leva um pouco de Césio no bolso e sua filha de 6 anos, Leide das Neves Ferreira, ingere algumas partículas com pão.
No dia 22 de Setembro, o outro irmão de Devair, Odesson Alves Ferreira, tem contato com o Césio. Ele coloca em sua mão um fragmento do tamanho de um grão de arroz. Na época, Odesson era motorista de ônibus e transportava cerca de mil pessoas por dia. A parte dianteira do ônibus, que ele dirigia, foi posteriormente destruída e aterrada com o lixo radiotivo do acidente.
Cerca de 6 dias após, Maria Gabriela Ferreira, esposa de Devair, desconfia dos problemas de saúde da família e leva uma amostra do material, com a ajuda de um funcionário de ferro-velho, para a Vigilância Sanitária de Goiânia, a amostra fica sobre uma cadeira. Ao mesmo tempo, médicos do Hospital de Doenças Tropicais, suspeitam que a causa das lesões é radiação, e alertam um físico sobre o caso, que decide investigar.
No dia seguinte, munido com um medidor de radiação, o físico vai até a Vigilância Sanitária e consegue impedir que bombeiros joguem o material em um rio próximo à cidade. Imediatamente, a Secretaria de Saúde do Estado é avisada e técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear chegam à cidade, dando o alerta. A Rua 57 é interditada. Nos dias subsequentes, centenas de pessoas são levadas ao Estádio Olímpico, para uma triagem e medição de contaminação. De um grupo de 249 pessoas, cerca de 120 foram descontaminadas e liberadas. O restante, 129 pessoas, passaram a ser monitoradas. Deste grupo, 79 tinham contaminação externa e 14 já estavam com o quadro clínico muito agravado, sendo removidas para o Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro. Neste grupo, estavam as quatro primeiras vítimas fatais do acidente.
Para descontaminar a área, as autoridades enviam policiais e bombeiros sem nenhuma proteção e sem informação para isolar a área. Muitos deles se contaminaram e apresentam problemas de saúde nos anos subsequentes.
As vítimias da contaminação com o Césio-137 têm suas casas e todos os seus pertences, inclusive animais, destruídos e levados para um aterro a céu aberto, na cidade de Abadia de Goiás. Posteriormente, os dejetos de Abadia de Goiás foram aterrados.
No dia 23 de outubro, morre a primeira vítima do Césio, Leide das Neves, de 6 anos, em decorrência da contaminação aguda por radiação. No mesmo dia, sua tia, Maria Gabriela das Graças Ferreira, mulher de Devair, também morre. Elas são enterradas em caixões com 700 kg de chumbo. Há confusão no cemitério, já que mais de 2 mil pessoas com pedras e tijolos queriam impedir o enterro, por medo e desinformação.
No dia seguinte, morrem a terceira e a quarta vítimas, Israel Batista dos Santos, de 22 anos, e Admilson Alves Souza, 17 anos, ambos funcionários do ferro-velho de Devair.
A irresponsabilidade da CNEN.
A CNEN, Comissão Nacional de Energia Nuclear, responsável pela segurança e fiscalização de atividades nucleares no Brasil, reagiu ao acidente com o Césio-137 de forma improvisada. A CNEN não tinha estrutura de técnicos ou segurança para executar a descontaminação do local. Por isso, contrata trabalhadores da empresa Crisa, que fazia obras públicas, para demolir, colocar o entulho contaminado em galões e carregar os caminhões. Os cerca de 200 trabalhadores que fizeram a demolição e o transporte do material, não tinham nenhum treinamento ou informação acerca dos riscos a que foram expostos.
A energia nuclear é perigosa. Chernobyl e o caso do Césio em Goiânia são apenas alguns dos inúmeros acidentes que marcam a história da energia
Fonte: http://www.greenpeace.org/brasil/nuclear/
O nível de responsabilidade da CENEN é abaixo de zero assim como a CPI e os orgãos publicos do Brasil
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